sábado, 7 de março de 2015

Como era a Educação na Idade Media

Introdução
O presente trabalho faz uma abordagem sobre a Educação na Idade Média, definindo-a podemos dizer que foi a expressao aplicada ao periodo de mil anos, que se iniciou no ocidente com a derrocada do Imperio Romano em 476 (Nunes, 2006:15).



Objectivos

   Geral
·         Ser capaz de observar, caracterizar o processo de ensino e aprendizagem da idade média;
   Específicos
·         Identificar os centros culturais da idade média;
·         Identificar os processos de ensino-aprendizagem da idade média;
·         Conhecer os três principios basicos para a Educação;
·         Saber como o Rei Carlos Magno ultrapassou o analfabetismo;
·         Identificar as primeiras universidades;
·         Descrever aprofundamente os oficios medievais;
·         Ter o conhecimento de como a igreja contribuiu para a evolução da educação;
·         Conhecer os principais defensores da igreja catolica da idade média.




A EDUCAÇAO NA IDADE MÉDIA

    A educação na idade media, surge com a expansão do cristianismo, o cristianismo foi-se desenvolvendo, somente no ano 312, Constantino, Imperador Romano, converteu-se ao cristianismo, liberando o seu culto e tornando-a religião oficial do estado.                                                                                                                             Nascido no império Romano, o cristianismo desenvolveu durante cinco séculos. O primeiro educador do cristianismo foi evidentemente, Jesus. Porem Ele não deixou nada escrito, sua vida, bem como aspectos principais da sua doutrina, se transmitiram através dos evangelhos escritos por seus discípulos depois da sua morte. Os evangelhos são um numero de quatro integram a bíblia, representando segundo os cristãos o tratamento de Jesus.
    A princípio, a doutrina de Cristo, foi divulgada pelos apóstolos e seus discípulos de forma bastante espontânea, sem a preocupação de transmitir conhecimentos sistemáticos.                                                                                                                                              
Os membros da igreja foram também responsáveis pela fundação das escolas catequistas, administrados por professores especialmente dedicados à educação. A primeira destas escolas, surgiu na cidade de Alexandria, aproximadamente  no ano 179 d.C. Devemos  a sua criação a Pantaneus, que era um filosofo grego convertido aos princípios cristãos.
    Dois séculos depois, Santo Agostinho, fundou em Hipona, cidade de norte de África, uma escola episcopal, destinada a formação de bispos e sacerdotes. A escola tornou-se famosa, graças à dedicação e a cultura de Santo Agostinho, que ali demonstrou o seu talento de professor em aulas inesquecíveis.
    A educação deste período voltou-se tão-somente para os temas religiosos e teológicos, dirigidos a um numero de pessoas, ficando a cargo das escolas romanas uma tarefa mais abrangente. Todavia, com o passar do tempo o império romano entrou em decadência, somente a igreja católica manteve como instituição forte e disciplinada. Consolidou-se como instituição e prosperou dia-a-dia para se impor definitivamente, por toda idade media. Como resultado desta prosperidade ela passou a exercer a influencia em diversos campos da atividade humana, entre as quais, a educacionalista. A educação deste período não visava despertar nos alunos a inquietação intelectual ou desenvolver-lhes a criatividade. A principal atitude estimulada era a obediência, o respeito à hierarquia religiosa e aceitação conformista diante dos ensinamentos superiores.


Centros Culturais da Idade Média
    As invasões germânicas, no império Romano provocaram serias e profunda mudança sócio-culturais. A presença dos bárbaros impôs repentina mudança de hábitos, e o povo submetido passou, então, a viver uma vida de insatisfações, desgostos com o rumo de acontecimentos, deste modo, grupos de cristãos procuravam afastar-se da participação social e retiraram-se para locais tranquilos, a fim de praticarem suas preces longe da agitação do mundo. Nessa procura de abrigo espiritual, eles fundaram as pequenas comunidades que, com o tempo, se transformaram em mosteiros.
    Aos mosteiros coube de certo modo, a tarefa de preservar a cultura Greco-romana, ameaçada de extinção com a invasão dos bárbaros e como centros preservados de cultura clássica, era natural que os mosteiros também se transformassem em centros de ensino e passassem a desempenhar um importante papel educacional na formação eclesiástica.
    Entre os mosteiros destacou-se o Monte Cassimo, na Itália, fundado por Santo Bento no ano 525. São Bento foi o fundador da ordem Beneditina.  Surgem outras ordens religiosas, como: a dos Franciscanos, Domicanos, Agostinianos e Carmelitas, que também possuíam mosteiros e seguiam as orientações gerais da ordem beneditina.
A Honra e a Coragem do Cavaleiro
Os valores básicos que o cavaleiro deveria cultivar eram:
  • Obediência e fidelidade aos príncipes;
  • A coragem para enfrentar os seus inimigos;
  • Proteger os seus súditos, a honra entre os parceiros da cavaleria e a cortesia em relação às mulheres.
A educação do cavaleiro era ministrada nos palácios, compreendendo um longo processo que se iniciava na infância e terminava aos vinte e um anos.
    O ponto de partida deste processo educacional era a família, onde a criança recebia dos próprios pais as primeiras instruções. Aos sete anos, esta criança era enviada ao palácio de um nobre amigo da família. Aos quinze anos, o menino tornava-se escudeiro. Somente aos vinte e um anos o jovem era armado cavaleiro em uma solene cerimônia, que exigia uma complexa preparação do ritual.
    Na educação do cavaleiro, o aspecto militar era especialmente cultivado como objetivo fundamental.
A Obra Educacional de Um Rei Analfabeto
A actividade cultural durante o primeiro período da idade média estava, principalmente, nas mãos da igreja, que tinha os mosteiros como os principais centros culturais. Ocorreu aqui, com o passar do tempo, a qualidade desta educação foi decaindo até chegar aos níveis inaceitáveis. Neste momento, surge Carlos Magno, o poderoso rei dos francos, dando novo impulso ao campo educacional.
    Carlos Magno, era fundamentalmente um guerreiro e, como tal, empreendeu inúmeras batalhas nos seus quarenta e três anos de reinado. Apesar de ser analfabeto até a idade adulta e de desconhecer o latim, o mais importante idioma da época, Carlos Magno converteu-se ao cristianismo, tornando-se um grande defensor. Coerente com as suas ideias, agia como um administrador impiedoso e seus exércitos habitavam com uma extrema crueldade aos povos pagãos, que relutassem a se converter aos princípios religiosos do cristianismo. Apesar de tudo, a época de Magno marca o inicio de uma “renascença do saber”.
    Carlos Magno possuía um conselheiro chamado Alcuíno, que é citado como um dos grandes sábios da idade média. Seguindo os conselhos de Alcuíno, o rei Carlos Magno empreendeu uma grandiosa obra educacional. Incentivou a criação de escolas em diversas paroquiais, destinadas à instrução de crianças, e para dar exemplo a todos, criou em seu próprio palácio uma escola que se tornou famosa. A escola tinha Alcuíno como professor,  entre os alunos, o próprio Carlos Magno, sua família e diversos nobres da sua corte, entre as  quais, os cavaleiros que se destacavam nas batalhas.
Surgimento das Primeiras Universidades
    No sul da Itália vivia uma pequena comunidade de origem Grega, que conservava o direito da sua literatura.
    A primeira grande escola de medicina, tornando-se universidade surgiu no ano de 1090, nos meados do século XII. Universidade significava o lugar, onde os estudantes de diversas nações poderiam estudar, ou seja, uma universidade de pessoas. .
    Depois de Salermo, foram surgindo em outras regiões, diversas universidades como, por exemplo: a de Bolonha, na Itália, especializada no ensino de Direito e a de Paris, especializada somente em Teologia. A universidade de Paris foi tomada como modelo para o surgimento de outras universidades europeias, como a de Oxford, Salamanca a Cambridge.
   Dentro da universidade, os estudantes eram agrupados em duas subdivisões básicas, conforme o caso: as faculdades e as nações.
   De cada área de estudo forma-se uma faculdade, daí existirem as faculdades de Artes, Teologias, Medicina e Dereito.
    As nações eram compostas por estrangeiros, que vinham de diversos países para estudar nas universidades.
   Existiam três tipos de qualificações:
·         Bacharel - aprendiz do professor;
·         Licenciado - confere aptidões para o ensino;
·         Doutor – professor dos professores.

Os Burgueses e Suas Corporações
A sociedade medieval do primeiro período nos revela a existência de três classes sociais: a nobreza, o clero, e a vasta multidão de servos.
    Os comerciantes habitavam as cidades ou burgos, como se chamavam na época.
    Os burgueses visando defender os interesses de sua classe, se organizavam em grêmios ou corporações que tinham como finalidade gerir as normas do comercio. Para cada espécie de profissão existia uma corporação especialista, como por exemplo, a dos sapateiros, a dos farmacêuticos, a dos alfaiates, a dos pedreiros.
    A educação gremial compreendia três estágios:
                               I.            Aprendiz – este aprendia as técnicas profissionais do mestre, acompanhando-o e auxiliando-o no trabalho, recebendo alimento, roupas e abrigo até aos 15 anos.
                            II.            Oficial – trabalha na oficina do mestre recebendo em troca uma remuneração mensal.
                         III.            Mestre – este estava liberado para estabelecer-se por conta própria.

Santo Agostinho: O Mal é o Afastamento de Deus
    Aureliano Agostinho, mais conhecido por Santo Agostinho, nasceu em 354 d.C. em Tagasta, na África e faleceu em 430 em Argélia, antiga Hipona. Sua filosofia pertence a fase em que os primeiros padres estavam preocupados com os dogmas(verdades) cristãos. Que ficou conhecida como Patrística.
    Agostinho era filho de pais diferentes, em termos religiosos, pois o seu pai, Patricius, era pagão munido de grandes recursos econômicos, que só foi convertido ao cristianismo no final da sua vida, ao contrário da sua mãe, que era uma mulher de muita fé e virtude, que mais tarde, foi canonizada pela igreja como Santa Monica. Foi esta discrepância que levou  Santo Agostinho a uma vida de libertinagem, apenas voltada aos prazeres do mundo, por consequência de diversas ligações amorosas que nasceu-lhe um filho, que se chamava Adeodato, que mais a ele foi dedicada a obra “ O Mestre
    Depois deste periodo dos prazeres, Agostinho, através da leitura das obras de Cicero, sentiu-se despertado por intensa motivação filosófica, que não lhe satisfez interiormente. A procura de novos rumos para sua vida, tornou-se apoiante de uma seita persa fundada por Maniqueu, que afirmava o principio da consciência moral, sustentando que o homem está sujeito do bem, representado por Deus e do mal, representado por Diabo. Porem, com o passar do tempo desiludiu-se com o maniqueísmo. Deste modo, viajou para Roma e Milão e encontra nesta ultima cidade o bispo Santo Ambrósio, que encantou o Santo Agostinho com os seus sermões, convertendo-se para igreja Católica, abraçando e defendendo a sua doutrina  pelo resto da sua vida.
     Após a sua conversão, regressou para África, sendo ordenado bispo aos 33 anos de idade na cidade de Hipona. Ainda nesta cidade, fundou uma grande escola para formação de sacerdotes, onde se notabilizou como mestre, pela sua eloquência e erudição.
    O objeto educacional do Santo Agostinho era a salvação do aluno, embora não desvalorizasse os exercícios físicos, a literatura, a retórica, a lógica, a aritmética, todas estas áreas deveriam ser encaradas como um cujo objetivo final seria o melhoramento da cultura religiosa.
  
    Agostinho afirmava que o homem. Nascia com o pecado original, e se assim for, somente um esforço consciente permitiria que nos livrássemos do mal. De acordo com ele, o mal é o afastamento de Deus, e a missão da cultura religiosa é reduzir esse afastamento através da educação. Portanto, para que possamos ser conduzidos ao caminho do bem é necessário modificarmos o nosso estado natural. Para alcançar esse proposito, o educador deve utilizar todos mecanismos que lhe forem disponíveis, até mesmo castigos físicos.
    Para Santo Agostinho, o aluno aprende mais quando se inclina naturalmente para o estudo de qualquer determinada área de saber, pela livre acção da sua curiosidade. Contudo, se o aluno desviar-se do caminho desejado pelo professor aconselhava que este usasse uma rígida disciplina para controlar a “livre acção da curiosidade do aluno”
    Em suma, para Santo Agostinho, sem disciplina e controlo não pode haver progresso na educação. O homem, segundo ele, precisa exercitar as suas capacidades interiores adormecidas pelo pecado, e purificar os desejos da natureza, inclinados para o mal. Só assim o homem se libertará do pecado e encontrará a causa primeira e o fim último de todas as coisas que é a felicidade, voltando-se para Deus.

São Tomás De Aquino: A Tentativa de Harmonizar a Fé com a Razão
    São Tomás De Aquino nasceu em 1226, no castelo de Rocasseca, nas proximidades de Nápoles, no sul da Itália e faleceu no mosteiro de Fossanova em 1274. Descendia da nobre e respeitada família dos condes de Aquino. Seus pais lhe planejaram um futuro brilhante, almejando que ele continuasse a tradição da família.
    Sua filosofia se sustenta na tentativa de harmonizar a fé com a razão, que integra o movimento escolástico, que procurava a fé com base na razão. Aos 15 anos o jovem Tomás ao ingressar no convento dos domicanos, ao tomarem conhecimento deste facto, os seus pais se revoltaram, sendo assim retiraram-no do convento, aprisionaram-lhe na torre do palácio, para impedir a sua fuga. No entanto, Tomás, utilizando-se de uma corda escapou. Em seguida, regressou ao convento domicano, onde se formou em teologia em 1252 em Paris. Por concessão especial do Papa recebeu o titulo de “mestre” em teologia com trinta e um anos de idade, passando a ser um dos mais destacados filósofos do catolicismo, conhecido como “Doutor Angélico”.
    O sistema filosófico do Tomás de Aquino, o tomismo, se inspira na doutrina do Aristóteles. Do mesmo modo que o Santo Agostinho, Tomás de Aquino devotou lealdade integral a igreja. Dizia que os enfiés podiam ser convertidos ao Cristianismo através de argumentos racionais, para tal elaborou cinco argumentos que a seguir veremos:
1.      Argumento
Para que um determinado objeto se movimente há necessidade de um motor que o mova. Entretanto, também este motor precisará de alguma outra fonte de energia que também o catalize. E assim, indefinidamente um motor precisará de outro para fazê-lo movimentar.  Até que cheguemos a um primeiro motor. De acordo com o Tomismo, esse primeiro motor que move todos outros motores e que deu origem ao movimento é Deus.
2.      Argumento
Este argumento se relaciona com a causa e efeito de todas as coisas.
Todas as coisas que existem no Universo foram criadas por alguma causa. Desta maneira, o ser criado é o efeito de uma causa qualquer. Por exemplo: a obra “a Italiana” existe graças ao trabalho do mestre Malangatana. Neste caso, Malangatana é a causa, cujo efeito foi à pintura da obra a Italiana. Como todos os efeitos se originam de uma causa, se remontarmos causa por causa, iremos chegar a uma causa primeira de todos os efeitos, uma causa que deu origem a todas as coisas, que é Deus.
3.      Argumento
Tomás de Aquino chama ser Contingente aquele que não encontra em si a razão da sua existência, e chama ser necessário aquele que possui em si a razão da sua existência, e segundo a doutrina Tomista, somente Deus é um ser necessário.
4.      Argumento
A busca da perfeição caracteriza as pessoas normais. Um pintor, por exemplo, procura tornar o seu quadro o mais belo possível. Entretanto, por mais que se esforce, nunca conseguirá a perfeição absoluta. Os seres que conhecemos apenas participam, em diferentes graus de perfeição absoluta, que é Deus.
5.      Argumento
Tomás de Aquino pede que observemos o Universo para percebermos a harmonia e a ordem que nele impera. Devemos perceber que desde o minúsculo até ao gigantesco, todos estão internamente organizados e submetidos aos mesmos princípios e leis universais. Segundo a doutrina tomista, a ordem que existe no mundo não é produto do acaso, mas fruto da inteligência superior, que é Deus.
Através destes argumentos Santo Tomás de Aquino pretendia harmonizar a fé com a razão, dizia que deve ser baseada na verdade revelada por Deus e que a verdade racional era incapaz de contrariar as verdades reveladas pela fé. Embora depositar muita confiança na razão, achava que esta podia falhar, não era utópico como Platão, pois segundo ele o conhecimento é resultado do trabalho da mente sobre as informações obtidas através dos sentidos. Para conhecer alguma coisa, a nossa mente juízos, nestes juízos expressamos a qualidade que a coisa possui ou não. Como nem sempre acertamos em nossos juízos, surge a mentira, que é a inadequação entre determinadas coisa e qualidade que lhe atribuímos.
    O desenvolvimento da educação segundo santo Tomás de Aquino, depende mais do aluno do que do professor. O único e verdadeiro mestre é Deus, que através da sua infinita bondade nos criou portadores da razão que frequentemente nos ilumina. São Tomás adopta a concepção do Santo Agostinho dizendo que somente Deus é que nos ensina interiormente a razão. O papel do professor durante as aulas é comparado ao do agricultor, o agricultor não ria as plantas, mas as cultiva. Da mesma forma o professor não transmite a sabedoria, sua tarefa é preparar o terreno para que se desenvolva.




Conclusão
Terminado o presente trabalho, concluímos que na idade média a educação baseava-se no Cristianismo onde valorizou-se por excelência a igreja católica. 


    
Referência Bibliográfica
COTRIM, G.V e PERSISI, M.(1985) Fundamentos da Educação; História e Filosofia da Educação. 10.a ed. Saraiva editor, S. Paulo. 
NUNES, Rui Afonso Da Costa, Historia da Educação na Idade Media, 2006.


SARAIVA, António José e ÓSCAR, Lopes. História da Literatura Portuguesa. 15. ͣ Edição, corrigida e actualizada, Porto Editora, Porto, 1989.