Introdução
O presente trabalho faz uma abordagem sobre a Educação na Idade Média,
definindo-a podemos dizer que foi a expressao aplicada ao periodo de mil anos,
que se iniciou no ocidente com a derrocada do Imperio Romano em 476 (Nunes,
2006:15).
Objectivos
Geral
·
Ser
capaz de observar, caracterizar o processo de ensino e aprendizagem da idade
média;
Específicos
·
Identificar
os centros culturais da idade média;
·
Identificar
os processos de ensino-aprendizagem da idade média;
·
Conhecer
os três principios basicos para a Educação;
·
Saber
como o Rei Carlos Magno ultrapassou o analfabetismo;
·
Identificar
as primeiras universidades;
·
Descrever
aprofundamente os oficios medievais;
·
Ter
o conhecimento de como a igreja contribuiu para a evolução da educação;
·
Conhecer
os principais defensores da igreja catolica da idade média.
A EDUCAÇAO NA IDADE MÉDIA
A educação
na idade media, surge com a expansão do cristianismo, o cristianismo foi-se
desenvolvendo, somente no ano 312, Constantino, Imperador Romano, converteu-se
ao cristianismo, liberando o seu culto e tornando-a religião oficial do
estado.
Nascido no império Romano, o cristianismo desenvolveu durante cinco
séculos. O primeiro educador do cristianismo foi evidentemente, Jesus. Porem
Ele não deixou nada escrito, sua vida, bem como aspectos principais da sua
doutrina, se transmitiram através dos evangelhos escritos por seus discípulos
depois da sua morte. Os evangelhos são um numero de quatro integram a bíblia,
representando segundo os cristãos o tratamento de Jesus.
A princípio,
a doutrina de Cristo, foi divulgada pelos apóstolos e seus discípulos de forma
bastante espontânea, sem a preocupação de transmitir conhecimentos
sistemáticos.
Os membros da igreja foram também responsáveis pela
fundação das escolas catequistas,
administrados por professores especialmente dedicados à educação. A primeira
destas escolas, surgiu na cidade de Alexandria, aproximadamente no ano 179 d.C. Devemos a sua criação a Pantaneus, que era um filosofo grego convertido aos princípios
cristãos.
Dois séculos
depois, Santo Agostinho, fundou em Hipona, cidade de norte de África, uma
escola episcopal, destinada a formação de bispos e sacerdotes. A escola
tornou-se famosa, graças à dedicação e a cultura de Santo Agostinho, que ali
demonstrou o seu talento de professor em aulas inesquecíveis.
A educação
deste período voltou-se tão-somente para os temas religiosos e teológicos,
dirigidos a um numero de pessoas, ficando a cargo das escolas romanas uma
tarefa mais abrangente. Todavia, com o passar do tempo o império romano entrou
em decadência, somente a igreja católica manteve como instituição forte e
disciplinada. Consolidou-se como instituição e prosperou dia-a-dia para se
impor definitivamente, por toda idade media. Como resultado desta prosperidade
ela passou a exercer a influencia em diversos campos da atividade humana, entre
as quais, a educacionalista. A educação deste período não visava despertar nos
alunos a inquietação intelectual ou desenvolver-lhes a criatividade. A
principal atitude estimulada era a obediência, o respeito à hierarquia
religiosa e aceitação conformista diante dos ensinamentos superiores.
Centros
Culturais da Idade Média
As invasões
germânicas, no império Romano provocaram serias e profunda mudança
sócio-culturais. A presença dos bárbaros impôs repentina mudança de hábitos, e
o povo submetido passou, então, a viver uma vida de insatisfações, desgostos
com o rumo de acontecimentos, deste modo, grupos de cristãos procuravam
afastar-se da participação social e retiraram-se para locais tranquilos, a fim
de praticarem suas preces longe da agitação do mundo. Nessa procura de abrigo
espiritual, eles fundaram as pequenas comunidades que, com o tempo, se
transformaram em mosteiros.
Aos
mosteiros coube de certo modo, a tarefa de preservar a cultura Greco-romana,
ameaçada de extinção com a invasão dos bárbaros e como centros preservados de
cultura clássica, era natural que os mosteiros também se transformassem em
centros de ensino e passassem a desempenhar um importante papel educacional na
formação eclesiástica.
Entre os
mosteiros destacou-se o Monte Cassimo, na Itália, fundado por Santo Bento no
ano 525. São Bento foi o fundador da ordem
Beneditina. Surgem outras ordens
religiosas, como: a dos Franciscanos,
Domicanos, Agostinianos e Carmelitas,
que também possuíam mosteiros e seguiam as orientações gerais da ordem
beneditina.
A
Honra e a Coragem do Cavaleiro
Os valores básicos que o cavaleiro deveria cultivar
eram:
- Obediência e fidelidade aos príncipes;
- A coragem para enfrentar os seus inimigos;
- Proteger os seus súditos, a honra entre os
parceiros da cavaleria e a cortesia em relação às mulheres.
A educação do cavaleiro era ministrada nos palácios,
compreendendo um longo processo que se iniciava na infância e terminava aos
vinte e um anos.
O ponto de
partida deste processo educacional era a família, onde a criança recebia dos
próprios pais as primeiras instruções. Aos sete anos, esta criança era enviada
ao palácio de um nobre amigo da família. Aos quinze anos, o menino tornava-se
escudeiro. Somente aos vinte e um anos o jovem era armado cavaleiro em uma
solene cerimônia, que exigia uma complexa preparação do ritual.
Na educação
do cavaleiro, o aspecto militar era especialmente cultivado como objetivo
fundamental.
A
Obra Educacional de Um Rei Analfabeto
A actividade cultural durante o primeiro período da
idade média estava, principalmente, nas mãos da igreja, que tinha os mosteiros
como os principais centros culturais. Ocorreu aqui, com o passar do tempo, a
qualidade desta educação foi decaindo até chegar aos níveis inaceitáveis. Neste
momento, surge Carlos Magno, o poderoso rei dos francos, dando novo impulso ao
campo educacional.
Carlos
Magno, era fundamentalmente um guerreiro e, como tal, empreendeu inúmeras
batalhas nos seus quarenta e três anos de reinado. Apesar de ser analfabeto até
a idade adulta e de desconhecer o latim, o mais importante idioma da época,
Carlos Magno converteu-se ao cristianismo, tornando-se um grande defensor.
Coerente com as suas ideias, agia como um administrador impiedoso e seus
exércitos habitavam com uma extrema crueldade aos povos pagãos, que relutassem
a se converter aos princípios religiosos do cristianismo. Apesar de tudo, a época
de Magno marca o inicio de uma “renascença do saber”.
Carlos Magno
possuía um conselheiro chamado Alcuíno, que é citado como um dos grandes sábios
da idade média. Seguindo os conselhos de Alcuíno, o rei Carlos Magno empreendeu
uma grandiosa obra educacional. Incentivou a criação de escolas em diversas
paroquiais, destinadas à instrução de crianças, e para dar exemplo a todos,
criou em seu próprio palácio uma escola que se tornou famosa. A escola tinha
Alcuíno como professor, entre os alunos,
o próprio Carlos Magno, sua família e diversos nobres da sua corte, entre as quais, os cavaleiros que se destacavam nas
batalhas.
Surgimento
das Primeiras Universidades
No sul da
Itália vivia uma pequena comunidade de origem Grega, que conservava o direito
da sua literatura.
A primeira
grande escola de medicina, tornando-se universidade surgiu no ano de 1090, nos
meados do século XII. Universidade significava o lugar, onde os estudantes de
diversas nações poderiam estudar, ou seja, uma universidade de pessoas. .
Depois de
Salermo, foram surgindo em outras regiões, diversas universidades como, por
exemplo: a de Bolonha, na Itália, especializada no ensino de Direito e a de
Paris, especializada somente em Teologia. A universidade de Paris foi tomada como
modelo para o surgimento de outras universidades europeias, como a de Oxford,
Salamanca a Cambridge.
Dentro da
universidade, os estudantes eram agrupados em duas subdivisões básicas,
conforme o caso: as faculdades e as nações.
De cada área
de estudo forma-se uma faculdade, daí existirem as faculdades de Artes,
Teologias, Medicina e Dereito.
As nações
eram compostas por estrangeiros, que vinham de diversos países para estudar nas
universidades.
Existiam três
tipos de qualificações:
·
Bacharel
- aprendiz do professor;
·
Licenciado
- confere aptidões para o ensino;
·
Doutor
– professor dos professores.
Os
Burgueses e Suas Corporações
A sociedade medieval do primeiro período nos revela a
existência de três classes sociais: a nobreza,
o clero, e a vasta multidão de servos.
Os
comerciantes habitavam as cidades ou burgos, como se chamavam na época.
Os burgueses
visando defender os interesses de sua classe, se organizavam em grêmios ou
corporações que tinham como finalidade gerir as normas do comercio. Para cada
espécie de profissão existia uma corporação especialista, como por exemplo, a
dos sapateiros, a dos farmacêuticos, a dos alfaiates, a dos pedreiros.
A educação
gremial compreendia três estágios:
I.
Aprendiz – este aprendia as técnicas profissionais do mestre, acompanhando-o e
auxiliando-o no trabalho, recebendo alimento, roupas e abrigo até aos 15 anos.
II.
Oficial – trabalha na oficina do mestre recebendo em troca uma
remuneração mensal.
III.
Mestre – este estava liberado para estabelecer-se por conta própria.
Santo
Agostinho: O Mal é o Afastamento de Deus
Aureliano
Agostinho, mais conhecido por Santo Agostinho, nasceu em 354 d.C. em Tagasta,
na África e faleceu em 430 em Argélia, antiga Hipona. Sua filosofia pertence a
fase em que os primeiros padres estavam preocupados com os dogmas(verdades)
cristãos. Que ficou conhecida como Patrística.
Agostinho
era filho de pais diferentes, em termos religiosos, pois o seu pai, Patricius,
era pagão munido de grandes recursos econômicos, que só foi convertido ao
cristianismo no final da sua vida, ao contrário da sua mãe, que era uma mulher
de muita fé e virtude, que mais tarde, foi canonizada pela igreja como Santa
Monica. Foi esta discrepância que levou
Santo Agostinho a uma vida de libertinagem, apenas voltada aos prazeres
do mundo, por consequência de diversas ligações amorosas que nasceu-lhe um
filho, que se chamava Adeodato, que mais a ele foi dedicada a obra “ O Mestre”
Depois deste
periodo dos prazeres, Agostinho, através da leitura das obras de Cicero,
sentiu-se despertado por intensa motivação filosófica, que não lhe satisfez
interiormente. A procura de novos rumos para sua vida, tornou-se apoiante de
uma seita persa fundada por Maniqueu, que afirmava o principio da consciência
moral, sustentando que o homem está sujeito do bem, representado por Deus e do
mal, representado por Diabo. Porem, com o passar do tempo desiludiu-se com o
maniqueísmo. Deste modo, viajou para Roma e Milão e encontra nesta ultima
cidade o bispo Santo Ambrósio, que encantou o Santo Agostinho com os seus
sermões, convertendo-se para igreja Católica, abraçando e defendendo a sua
doutrina pelo resto da sua vida.
Após a sua
conversão, regressou para África, sendo ordenado bispo aos 33 anos de idade na
cidade de Hipona. Ainda nesta cidade, fundou uma grande escola para formação de
sacerdotes, onde se notabilizou como mestre, pela sua eloquência e erudição.
O objeto
educacional do Santo Agostinho era a salvação do aluno, embora não
desvalorizasse os exercícios físicos, a literatura, a retórica, a lógica, a
aritmética, todas estas áreas deveriam ser encaradas como um cujo objetivo
final seria o melhoramento da cultura religiosa.
Agostinho
afirmava que o homem. Nascia com o
pecado original, e se assim for, somente um esforço consciente permitiria
que nos livrássemos do mal. De acordo com ele, o mal é o afastamento de Deus, e
a missão da cultura religiosa é reduzir esse afastamento através da educação.
Portanto, para que possamos ser conduzidos ao caminho do bem é necessário
modificarmos o nosso estado natural. Para alcançar esse proposito, o educador
deve utilizar todos mecanismos que lhe forem disponíveis, até mesmo castigos
físicos.
Para Santo
Agostinho, o aluno aprende mais quando se inclina naturalmente para o estudo de
qualquer determinada área de saber, pela livre acção da sua curiosidade.
Contudo, se o aluno desviar-se do caminho desejado pelo professor aconselhava
que este usasse uma rígida disciplina para controlar a “livre acção da
curiosidade do aluno”
Em suma,
para Santo Agostinho, sem disciplina e controlo não pode haver progresso na
educação. O homem, segundo ele, precisa exercitar as suas capacidades
interiores adormecidas pelo pecado, e purificar os desejos da natureza,
inclinados para o mal. Só assim o homem se libertará do pecado e encontrará a
causa primeira e o fim último de todas as coisas que é a felicidade,
voltando-se para Deus.
São
Tomás De Aquino: A Tentativa de Harmonizar a Fé com a Razão
São Tomás De
Aquino nasceu em 1226, no castelo de Rocasseca, nas proximidades de Nápoles, no
sul da Itália e faleceu no mosteiro de Fossanova em 1274. Descendia da nobre e
respeitada família dos condes de Aquino. Seus pais lhe planejaram um futuro
brilhante, almejando que ele continuasse a tradição da família.
Sua
filosofia se sustenta na tentativa de harmonizar a fé com a razão, que integra
o movimento escolástico, que procurava a fé com base na razão. Aos 15 anos o
jovem Tomás ao ingressar no convento dos domicanos, ao tomarem conhecimento
deste facto, os seus pais se revoltaram, sendo assim retiraram-no do convento,
aprisionaram-lhe na torre do palácio, para impedir a sua fuga. No entanto,
Tomás, utilizando-se de uma corda escapou. Em seguida, regressou ao convento
domicano, onde se formou em teologia em 1252 em Paris. Por concessão especial
do Papa recebeu o titulo de “mestre” em teologia com trinta e um anos de idade,
passando a ser um dos mais destacados filósofos do catolicismo, conhecido como
“Doutor Angélico”.
O sistema
filosófico do Tomás de Aquino, o tomismo,
se inspira na doutrina do Aristóteles. Do mesmo modo que o Santo Agostinho,
Tomás de Aquino devotou lealdade integral a igreja. Dizia que os enfiés podiam
ser convertidos ao Cristianismo através de argumentos racionais, para tal
elaborou cinco argumentos que a seguir veremos:
1.
Argumento
Para que um determinado
objeto se movimente há necessidade de um motor que o mova. Entretanto, também
este motor precisará de alguma outra fonte de energia que também o catalize. E
assim, indefinidamente um motor precisará de outro para fazê-lo
movimentar. Até que cheguemos a um
primeiro motor. De acordo com o Tomismo, esse primeiro motor que move todos outros
motores e que deu origem ao movimento é Deus.
2.
Argumento
Este argumento se relaciona
com a causa e efeito de todas as coisas.
Todas as coisas que existem
no Universo foram criadas por alguma causa.
Desta maneira, o ser criado é o efeito
de uma causa qualquer. Por exemplo: a obra “a
Italiana” existe graças ao trabalho do mestre Malangatana. Neste caso,
Malangatana é a causa, cujo efeito foi à pintura da obra a Italiana. Como todos
os efeitos se originam de uma causa, se remontarmos causa por causa, iremos
chegar a uma causa primeira de todos
os efeitos, uma causa que deu origem a todas as coisas, que é Deus.
3.
Argumento
Tomás de Aquino chama ser Contingente aquele que não encontra
em si a razão da sua existência, e chama ser
necessário aquele que possui em si a razão da sua existência, e segundo a
doutrina Tomista, somente Deus é um ser necessário.
4.
Argumento
A busca da perfeição
caracteriza as pessoas normais. Um pintor, por exemplo, procura tornar o seu
quadro o mais belo possível. Entretanto, por mais que se esforce, nunca
conseguirá a perfeição absoluta. Os seres que conhecemos apenas participam, em
diferentes graus de perfeição absoluta, que é Deus.
5.
Argumento
Tomás de Aquino pede que
observemos o Universo para percebermos a harmonia e a ordem que nele impera.
Devemos perceber que desde o minúsculo até ao gigantesco, todos estão
internamente organizados e submetidos aos mesmos princípios e leis universais.
Segundo a doutrina tomista, a ordem que existe no mundo não é produto do acaso,
mas fruto da inteligência superior, que é Deus.
Através destes argumentos
Santo Tomás de Aquino pretendia harmonizar a fé com a razão, dizia que deve ser
baseada na verdade revelada por Deus e que a verdade racional era incapaz de
contrariar as verdades reveladas pela fé. Embora depositar muita confiança na
razão, achava que esta podia falhar, não era utópico como Platão, pois segundo
ele o conhecimento é resultado do trabalho da mente sobre as informações
obtidas através dos sentidos. Para conhecer alguma coisa, a nossa mente juízos,
nestes juízos expressamos a qualidade que a coisa possui ou não. Como nem sempre
acertamos em nossos juízos, surge a mentira, que é a inadequação entre
determinadas coisa e qualidade que lhe atribuímos.
O desenvolvimento da educação segundo santo
Tomás de Aquino, depende mais do aluno do que do professor. O único e
verdadeiro mestre é Deus, que através da sua infinita bondade nos criou
portadores da razão que frequentemente nos ilumina. São Tomás adopta a
concepção do Santo Agostinho dizendo que somente Deus é que nos ensina
interiormente a razão. O papel do professor durante as aulas é comparado ao do
agricultor, o agricultor não ria as plantas, mas as cultiva. Da mesma forma o
professor não transmite a sabedoria, sua tarefa é preparar o terreno para que
se desenvolva.
Conclusão
Terminado o presente trabalho, concluímos que na idade
média a educação baseava-se no Cristianismo onde valorizou-se por excelência a
igreja católica.
Referência Bibliográfica
COTRIM, G.V
e PERSISI, M.(1985) Fundamentos da
Educação; História e Filosofia da Educação. 10.a ed. Saraiva editor, S.
Paulo.
NUNES, Rui Afonso Da Costa, Historia da Educação na Idade Media, 2006.